Os quadros apresentados neste blogue são para venda, com excepção dos que estão marcados como colecção particular.
Pode contactar a autora por e-mail.

aborgesgomes@gmail.com


25 novembro 2013

E os Romanos também andaram por Angeiras...

Informação disponível no local
    Resolvi aproveitar uma destas belas tardes solarengas de domingo e  fazer o percurso entre Labruge e Angeiras pelo passadiço já arranjado, depois do temporal de há dois ou três  anos.  Assim pude documentar um pouco da vida que existe na foz do Rio Onda.

Mas não há bela sem senão! Do lado oposto à foz, deparamo-nos com o rio de uma cor pardacente embora translúcida e uma grande quantidade de taínhas, peixe conhecido por buscar alimento perto de descargas de esgotos, alimentando-se calmamente perto da saída de água do que eu penso ser uma pequeníssima estação de tratamento de esgotos. E pensar que há três ou quatro décadas atrás este rio estava morto!!!
O banho das gaivotas!
O festim das taínhas!
 
                                



   
                                                                                                                             
Continuando em direcção a Angeiras, meu objectivo principal era ver "in loco" as escavações realizadas na praia e que revelaram a existência de tanques usados para a salga de peixe pelos Romanos num passado longínquo dos quais tinha ouvido falar há já algum tempo num programa de televisão sobre história desta região.
 Sabe-se que uma das mais primitivas formas de conservar alimentos é através do sal, facilmente obtido em zonas costeiras e piscatórias como esta.
 
Informação no local

 






    Foram feitas réplicas do mesmo tamanho e feitio para que se preservassem as originais e dar a conhecer a dimensão do achado arqueológico.
  
   Os tanques originais foram fotografados e enterrados novamente para não se degradarem e construídas réplicas à escala e  em igual número para poderem ser visitados por todos. Apenas fotografei a informação sobre as antigas casas de mar mas existe também no mesmo local uma réplica de uma dessas casas.
Informação local
 
 
 
 

11 novembro 2013

De volta à arte!


             Saboreando a sombra,67x82cm,
             pastel seco c/ moldura

Já lá vai algum tempo desde que apresentei trabalho de pintura e isto porque a minha escolha dos temas tem vindo a ser mais exigente no sentido de me familiarisar com outros tipos de materiais. 
Assim sendo, o primeiro quadro deste ano foi pintado a pastel seco macio em barra e lápis representando um elemento importante da nossa fauna - o veado vermelho português, também conhecido por cervo.       
 
Companheiras,68x87cm,óleo c/
moldura
Este segundo quadro foi o que me levou mais tempo a pintar, por ter menos prática a usar óleo. Aprendi muito ao longo do tempo que despendi até ao momento em que assinei o quadro. Representa em primeiro plano a "leader" do grupo, a égua castanha, e a sua melhor amiga.
O trabalhar sem pressas e com atenção aos pormenores, são as minhas armas e com elas consegui vencer o medo  de falhar e, claro, ouvindo e seguindo os conselhos do professor.
A minha hipermetropia também me dificulta a tarefa de calcular as distâncias correctamente, ver detalhadamente muitos dos pormenores e nuances mas não será certamente o que me fará  desistir ...    
                                                     
Incondicional love ,70x87cm,carvão
c/moldura
E agora o meu último trabalho realizado a carvão...
 É bem verdade que ser avó é ser mãe duas vezes!

 






21 setembro 2013

Palavras para quê?

 
   Desta vez decidi mostrar algumas fotografias tiradas na minha aldeia durante as duas semanas e meia que lá passei, completamente emersa na natureza, isto é, sem ninguém da família por perto. Foi realmente muito bom andar pelos velhos caminhos da minha infância e juventude, alguns dos quais já completamente tomados pelas silvas e tojos.
   Acordar cedo, tomar o pequeno-almoço a ver o Rio Paiva lá em baixo serpenteando a serra e depois estrada a baixo até ao Mosteiro, o centro da freguesia, para tomar o meu cafezinho - a Igrejinha, o Mercadinho, o Café, o larguinho com o Coreto e o Cemitério, onde estão os meus antepassados beirões e os mais recentemente falecidos, o meu Pai e o meu irmão Paulo. Vou frequentemente lá, não só pela paisagem deslumbrante pela sua localização, mas também pela paz que me trás poder lembrar os meus entes queridos...

    A minha rede brasileira, o melhor ponto de observação.
   Mas como há sempre uma ida e volta, lá tenho que fazer o mesmo percurso a pé mas sempre a subir, o que perfaz cerca de 3 km na totalidade, e já com o sol alto. Esteve realmente muito calor e só voltava a sair pelas dezanove horas. Lá só há duas vias - ou se sobe ou se desce e vice-versa!




Palheiro em remodelação. Já foi pintado no
Quadro "Casa do Cavalo".

Indícios inegáveis de fogo florestal
A hora cansada do dia
Crepúsculo
Feitiço da Lua


 








 
O meu sobreiro magnífico e
centenário visto do cimo da aldeia.
Apesar de ser uma das espécie mais protegidas em Portugal
o meu sobreiro não escapou





Reacendimento do fogo em S.Pedro do Sul


Início da fogo na Serra do Caramulo
Um fim de dia estival com o Corvo em contra-luz
  
   






                            
Andorinha - 2 anos



Aprecio muito as coroas do milho!



Corre para tirarmos a fotografia juntos!
A pose não foi intencional, mas não consigo resistir!


Sou o Boneco, 6 anos, e este é o meu
 posto de observação favorito
Gosto muito do milho mas não resisto a
uma ramada cheia de cachos de uvas!
                                                                                               


A beleza está na forma como a natureza se reconstrói e nos proporciona fotografias como estas!A da esquerda mostra claramente que se tratava de uma ramada de uvas que emprestavam ao caminho um certo frescor. Depois do incêndio da casa, a bounganvilia de cor lilás, que abraçava a escadaria de pedra até à entrada, tombou para a frente e foi-se ajustando e segurando-se nos arames preparados para as videiras.  E o resultado foi o que fotografei neste mês  de Agosto quando me obriguei a passar pelo caminho dianta do portão da casa, ou melhor do que restou dela.E vi erguidos em meias paredes o nome da casa, - Nazaré era o nome da minha Avó paterna, o ano em que foi reconstruída pelo meu Avô Gomes com base na casa da sua família e as suas iniciais como proprietário da mesma - J. D. G.
Tenho muito orgulho de ser uma Gomes!!!





 




 




































 

 

 


12 setembro 2013

Comportamento e comunicação

Como se vê o jovem cavalo não está a perceber
o que se está a passar!
Pelo que me foi dado observar "in loco" e depois de estudar as muitas fotos de cavalos que tenho coleccionado ao longo destes quase quatro anos, comecei a perceber que, embora não falem como nós, humanos, os cavalos comunicam uns com os outros através de uma linguagem corporal bem distinta: para impedir que outro avance, o cavalo coloca-se em frente;se dá um empurrão com o ombro, demonstra uma forma de domínio mais violenta; e se apresenta a traseira, o melhor é mesmo afastar-se rapidamente porque lá vem coice!E como neste caso, as duas éguas brancas mais velhas dão todo o apoio à égua castanha, mantendo-a no seu meio e urinando simultaneamente quando esta teve o cio pela primeira vez. Depois acarinham a "leader" como agradecimento roçando os cabeções na crina da égua chefe deste grupo.


Como curiosidade, cada comunidade de cavalos tem como chefe do grupo uma égua, quer sejam selvagens ou domesticados. São muito sociáveis e não apreciam estar isolados por longos períodos de tempo.

Mas a forma mais visível e fascinante de comunicação equina é transmitida pelas orelhas!São os indicadores do foco da atenção do animal.
 
Nesta foto esta égua está sozinha, por ser "the new girl on the field".Terá  que travar conhecimento por algum tempo com as suas vizinhas... e obter a sua aceitação em qualquer dos grupos. Nesta foto reparem bem na postura da cabeça, levantada e orelhas bem afiladas, o que significa que não está receosa  e bem à vontade para se ir apresentar ao grupo que está no campo de baixo.


"Está tudo bem contigo?"
Esta é a forma normal de se cumprimentarem, de dizerem "olá", encostando os narizes e cheirando-se mutuamente.Chama-se "Nosing" em inglês. Mantêm as orelhas ligeiramente descaídas e um ar descontraído; frequentemente dão um ronco baixo, que é  um som curto, grave e descontínuo e que é de reconhecimento.


No campo de baixo correu tudo dentro da normalidade. A recém chegada foi cheirada, levou mordidinhas no pescoço, que significam afecto e carinho ( é o que os potros fazem sistematicamente no pescoço das suas mães quando são novos).





Mais tarde foi integrada num grupo mais pequeno e foi o que se viu. A Diábola ( a Chestnut) ganhou uma amiga nova!
 
Quanto à minha relação com estas éguas não podia ser melhor. Lembro-me do primeiro dia em que fui vê-las de perto, o único aviso que me deram foi:Nunca se coloque por trás pois pode levar um coice! Sou sempre recebida com alguns relinchos(que significam satisfação por reconhecer alguém e alegria) tenho que passar na inspecção- todas me cheiram do pescoço às sapatilhas e ficam sempre à espera de palmadinhas no dorso, escovadelas,que elas adoram,que lhes coce o focinho e de vez em quando de umas maçãs e / ou cenouras que arranjo numa lavradeira perto de casa.


E já agora sabem porque é que os cavalos, selvagens ou não, rolam no chão? Tal como os cães, os cavalos andam às voltas , cheiram o solo , dobram os joelhos da frente, inclinam-se ou para a direita ou para a esquerda e esfregam-se no chão lamacento , em terra batida  e/ou areia.Rolam de um lado para o outro. Levantam-se e sacodem-se e podem dar pequenas corridas. Esta camada de lama serve para os proteger de insectos, para secarem o pelo depois da chuva, também como protector solar, ao mesmo tempo que alongam os  seus músculos e coçam as suas costas. Rolar no chão também pode ajudar a mudar a pelagem de inverno para a do tempo mais quente ou apenas divertir-se!
 
 

21 julho 2013

Moínhos , masseiras e sargaço...


    Uma das minhas mais antigas e vivas memórias é a dos pic-nics familiares ao Domingo no mês de Agosto, e a Apúlia era um dos locais escolhidos, onde havia praia pouca frequentada, pinhal muito perto para se estenderem as mantas, comer,dormir uma boa sesta e/ou jogar as cartas, geralmente o King, e muito para explorar para os mais novos... e uma das descobertas foi  a de diversos moinhos de vento, em diferentes estados de ruína, no cimo das dunas de areia, com uma faixa de pinhal que parecia protegê-los  e às pequenas áreas de terra cultivada.
   Desse tempo recordo  os pequenos recângulos cultivados em linha recta, em cujos lados mais elevados se plantava vinha para proteger as culturas do avanço das areias e do famoso vento Norte, mais conhecido por Nortada. 
Sargaço a secar ao sol
    Ao contrário do que se poderia supor, no fundo da cova encontra-se água doce, e tudo pode ser cultivado desde que haja bastante água e sargaço, o adubo produzido a partir das algas que vêm com as marés em grandes quantidades e que eram espalhadas no areal para secarem antes de serem armazenadas em pequenos montes para posterior utilização. Eram "os campos de masseira", de solo arenoso com origem numa antiga plataforma marítima, desde os litorais das freguesias da Póvoa, A Ver-o-Mar, Navais até à Aguçadoura e Estela.
 

   É uma forma de cultivo única no mundo, mas está em risco de extinção devido ao uso cada vez maior de estufas nesta região bem como a extracção de areia para a construção civil. Como forma de proteger este tipo de agricultura, a Câmara da Póvoa de Varzim concedeu cerca de 5000000 m2 do seu território para uso exclusivo de masseiras.
    
    E o que aconteceu aos velhos moínhos de vento? Só descobri muito recentemente em A-Ver-o-Mar que os moínhos tinham sido recuperados maioritariamente  para casa de férias ou para alugar durante os meses de verão.
 Aqui vão as fotos para ajudar a visualização das suas características.

Moínho de capelo de madeira com armação
completa para as suas velas de pano
  Este moínho de vento ainda conserva as suas características de moínho de vento de tipo mediterrânico - com forma cilíndrica, de pedra, de pequenas dimensões, sobre a qual assenta uma espécie de cúpula de madeira, chamada Capelo, bem como a estrutura que iria sustentar um número variável de velas de pano, que lembravam as velas dos barcos.
  


    A capacidade de rotação do seu tejadilho dependeem função da necessidade de acompanhar a direcção do vento era por sistema de tracção por meio de rabo, e o tipo de tejadilho com rodas o mais comum. 





   Fiquei encantada com o que vi na zona das praias da Apúlia muito recentemente. Afinal a mão do Homem também serve para preservar e enquadrar no seu meio ambiente o que já lhe pertencia desde tempos imemoriais - a sua faixa costeira, as dunas com a sua flora autóctone e os seus moínhos de vento, que serviam os poucos agricultores das masseiras, de cultivo difícil por falta de maquinaria. Era tudo manual!!!

Aqui vos deixo alguns exemplos desses belos enquadramentos!






 








 

                                           
 

 
 
 
 
 

 










14 julho 2013

Saber ver as coisas!

   Se olharmos com um pouquinho de atenção há sempre algo interessante para observar e fotografar. Esta cadela Retriever laboriosamente caminhou até à beira-mar e escolheu um bom pau para brincar. Retomou o caminho de regresso, sempre a passo, até junto do murinho onde os donos estavam entretidos em amena cavaqueira e sem prestarem a mínima atenção à esforçada cadelinha que nem conseguia correr, não pelo peso do pau que alegremente trazia na boca mas pelo seu próprio excesso de peso!Ficou alguns minutos a olhar para cima e a abanar a cauda, mas sem qualquer resultado! Sem largar o pau, deu meia-volta e voltou para a beira-mar onde se deitou a roer o seu tesouro!!!
 
Uff... ainda falta mais um pouco!
Então?! Olhem o que eu encontrei
para brincar...
 
Tanto trabalho para nada... nem olharam!


 
Só um exemplo da arte do improviso tão típicamente nossa. Com uns paus e uma ou duas embalagens de plásticos fica o aviso de que o passadiço tem duas tábuas danificadas... Mas devo dizer que quando passei pelo mesmo local, algumas semanas depois,já estava tudo em ordem. Venham os veraneantes!




Como defensora da natureza, entre outras coisas,consegui ver que os passadiços têm cumprido o seu objectivo de protegerem a flora autóctone das dunas costeiras das  nossas praias a norte de Matosinhos. E que as espécies indesejadas vão sendo cada vez mais irradicadas.
Tirei esta foto hoje e, embora estivesse bastante envoado e muito fresco, pode-se ver que os cardos azulados emprestam um colorido único às dunas... embora ainda me lembre da dor das picadelas nas pontas dos cardos, quando não caminhávamos pelos estrados na Praia de  Matosinhos quando era mais nova...