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12 fevereiro 2015

O mar enrola na areia...

   Na véspera de ser internada para uma pequena cirurgia a uma vértebra... bem, uma cirurgia é sempre uma cirurgia... fui dar uma pequena volta pelas redondezas da Praia do Marreco na direcção norte. Sem qualquer objectivo a não ser o de saborear o barulho das ondas, o bom tempo e as cores...para relaxar um pouco.
   Não podia aventurar-me a grandes caminhadas mas este pequeno trajecto proporcionou-me algumas belas fotos com a maré a subir em força!!!

Segui pelo passadiço até onde foi possível... obras ainda por fazer obrigam a seguir pela rua e a apanhar o trajecto junto à costa um pouco mais adiante...



    Logo que pude, fui até à beira-mar para apreciar a ondulação cada vez maior e aproveitar o que esta costa rochosa me pudesse oferecer!



  Nem de propósito!!! Esta formação rochosa bem curiosa, por sinal!!! o pequeno pedaço de granito sustenta um enorme pedregulho, que se toca com um outro de um lado e, no outro lado, está pousado suavemente na areia...


  
    Durante alguns minutos, este massarico foi o meu único companheiro... não vi uma única gaivota...
  Ao olhar para a rebentação... lembrei-me de uma canção que costumava ouvir o Rancho de Matosinhos cantar... "O mar enrola na areia"
  


   Olhando com mais atenção verifiquei que é realmente verdade... é possível distinguir-se a areia misturada na rebentação momentos antes da onda se "espreguiçar" na praia!!!

 
  
   Aqui deixo os versos que me lembro...
O Mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e dismaia
Porque se sente feliz!







02 fevereiro 2015

Pela Avenida dos Banhos ... na Póvoa do Varzim

   Vou poucas vezes andar à beira-mar na Póvoa mas desta vez a Avenida dos Banhos conseguiu sur- preender-me. Muito frio e um sol fraco convida sempre a acelerar o passo, o que não me impediu de apreciar e registar o que atraíu a minha atenção.
  E lá segui pelas Caxinas adiante, sempre à beira-mar para norte...

Um barco, que me parece ser uma traineira, no Estaleiro no lado sul, e uma olhadela para o lado oposto... maré muitíssimo baixa -creio que nunca a havia visto assim-e a fervilhar de vida!!!
 
Barcos no porto por ser dia de descanso, contrastando com a presença de muitas gaivotas, algumas rolas do mar e corvos marinhos de faces brancas aproveitando o sol para secar as suas asas.


    Como não há bela sem senão, este local tão chamativo para estas aves marinhas não é mais do que a saída de um esgoto, neste dia a descoberto! Espero que esteja minimamente despoluído... Pelo menos as aves parecem muito relaxadas e alheias ao movimento cá em cima!


  Do outro lado da Avenida está a Igreja de Nossa Senhora da Lapa, de costas viradas para o mar. É um edifício simples e de feição barroca e foi mandado construir pela comunidade piscatória, que aqui acorria nos momentos mais difíceis.
   Existe uma Súplica evocativa da tragédia ocorrida a 27 de Fevereiro de 1892, em azulejo e, no cimo, um pequeno farol desactivado e virado para o mar, que a torna bastante singular!!! Ainda se pode ver a parte superior da torre sineira lateral de grandes dimensões.



   Em terra existe um parque infantil "sui generis", tal como se pode constatar... será mais fácil subir ou descer???... enquanto pombas procuram alimento na borda de água lá em baixo!







    Continuando pela beira-mar, achei graça ao "imponente" barco Salva-vidas atracado no porto... Não sei... mas com uma barra tão perigosa como a da Póvoa, talvez fosse de repensar o calado do barco cujo nome diz tudo:salvar vidas...







   A minha atenção foi atraída para o outro passeio da Avenida dos Banhos, junto ao Casino. Tal como Espinho, este casino era e ainda é um afamado polo de jogo e entretenimento para as comunidades do Norte.
   Mas o que realmente captou a minha atenção foi a pequena  exposição de carros antigos e em especial de duas motorisadas!!!

   Este modelo Packard dos anos 50, com os seus cromados a brilhar e a sua traseira em forma de rabo de peixe não passou despercebido... e até o "ti Zé e a sua Maria" o examinaram com minúcia... enquanto um mirone do século 21 fotografava o seu belo interior com o seu telemóvel... Não podia haver maior contraste!


  Marcaram presença  um Citroen "Boca de Sapo" dourado, um BMW vermelho e um Ferrari cor-de-laranja, arriscaria dizer das décadas 70/80 do século passado.
 
Este sim, foi o carro que mais gostei, por ser realmente antigo!!!
                                                                Hei-lo aqui a seguir...
    Um Citroen 11B, conhecido por "Arrastadeira", idêntico ao que o meu Pai teve em Belém do Pará na década de 50 até regressarmos a Matosinhos em 1955. Não sei qual foi o destino deste imponente carro, que tantas vezes acreditei estar a conduzir sentada no seu colo!


   "The icing on the cake" foi ver de perto duas motorizadas que se tornaram ícones da indústria americana: uma INDIAN SCOUT com sidecar em belíssimo estado de conservação, que penso ser do final da década de 50, quando ter uma motorizada passou a ser um símbolo de liberdade, liberdade para ir para onde se quisesse, quando se quisesse, em busca da "nova fronteira" por esse vasto país que são os Estados Unidos... fenómeno explicável por um pós-guerra em boom económico!!!A minha mente voou logo para os finais da década de 60... e para o filme que melhor retrata este fenómeno - Easy Rider -, de 1969, que é considerado o primeiro filme sobre viagens, uma viagem da Califórnia a Nova Orleans, para os dois protagonistas assitirem aos festejos do Mardis Gras, o chamado Carnaval de New Orleans. As motorizadas em que viajavam eram duas Harley-Davidsons, muito modernas e imponentes na época, que nada tinham a ver com a que estava em exposição na Póvoa! Ficaram para sempre ligadas a esta ideia.
   Mas a Harley-Davidson em exposição é de outra época anterior; trata-se  da Harley-Davidson, modelo WLA, construído para o Exército Americano e para as tropas aliadas entre 1941 e 1945 para providenciar deslocações mais rápidas e seguras. Possui luzes traseiras, protecção metálica para as pernas e pára-choques mais altos na roda dianteira.
    Com assento largo e em couro, sidecar, bolsas também em couro e o que achei mais interessante, uma bolsa em couro para a arma, posicionada do lado direito junto ao guiador.
   Transmitiu-me a ideia de segurança, potência e resistência... Uma beleza!!!


 

  Já de regresso,não pude deixar passar a estátua em honra do pescador mais famoso da Póvoa do Varzim... O Cego do Maio, também representado no mural de azulejos ao qual já dediquei uma mensagem.
   Entretanto já se nota que a maré continua a subir, o que me permitiu esta bela panorâmica do cais norte do porto...




   Não sou fã deste tipo de calçado em moda hoje em dia, mas francamente... ir andar na areia com umas chancas todo-terreno pareceu-me um exagero!!! Até fiquei de boca aberta ...quanto ao indivíduo...deixo à vossa imaginação!!!



 
   E lá estava a imponente Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição que, tal como as outras já aqui mencionadas,é de estilo abaluartado, que veio substituir o pequeno forte lá existente para protecção das actividades ligadas à faina marítima, incluindo a construção e reparação navais. O Portão de Armas da Fortaleza e no seu interior está localisado o quartel da Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana,desactivado desde 2010. Até hoje o "castelo" está fechado ao público, excepto nos dias de missa na pequena igreja existente e de onde sai a procissão de Nossa Senhora da Conceição do Castelo na noite de 7 para 8 de Dezembro que percorre a fortaleza.

   Estátua de homenagem a S. Pedro e a fachada de um dos ícones da época áurea da pesca e processamento da sardinha: a Fábrica de Conservas "A Poveira Lda".


    Está na hora do regresso para mim mas de partida para um passeio  nestes dois barquitos à vela  a caminho da barra...