A Ponte de traça romano-gótica, com quinze arcos grandes e doze pequenos, e o Rio Lima deram o nome a esta vila minhota, a mais antiga de Portugal- Ponte de Lima. Se se atravessar a Ponte encontramos a Igreja de Santo António da Torre Velha na margem direita do Rio Lima.
Este foi o destino a que me propuz num domingo frio mas ensolarado... Eu e mais uns quantos "turistas" que não precisaram de nenhum pretexto especial para um belo passeio, um bom almoço de arroz de cabidela, rojões, tripa enfarinhada, morcela de sangue, bem à moda da gastronomia minhota, acompanhado pelo afamado vinho verde da região, e uma volta pela feirinha dos enchidos na Avenida dos Plátanos na margem esquerda do Rio.
Com partida marcada para as 7.30 da manhã só saímos pelas 8h, bem à moda portuguesa, com rumo a Barcelos para tomar o pequeno-almoço.
Barcelos é conhecida pelos seus Galos de Barcelos... Aqui deixo um testemunho de três exemplares que vi na Confeitaria onde tomámos o pequeno-almoço.
Como é meu costume, captei o pormenor deste penteado "às riscas" de uma senhora que pouco se importou com os comentários feitos pelos seus companheiros de viagem... Há que ser original,não?
É evidente, nestas duas fotografias, o contraste entre os nomes e a dimensão dos edifícios e da própria vila. Achei curioso!!!
Caminhámos em direcção ao largo da feira e fomos apreciando os belos jardins e alguns momentos interessantes, como o banho deste pombo apesar de estar muito frio.
Já no recinto onde habitualmente se realiza a famosa feira de Barcelos, às Quintas-Feiras, encontrámos algumas tendinhas que tinham à venda essencialmente louça típica da região, como os famosos galos - alguns mais modernos já não são feitos de barro mas de metal!!!-, assadeiras, pratos e tijelas; e este burrito tão simpático pousado no chão a olhar para mim que não resisti e tirei-lhe uma fotografia...
Não podiam faltar as castanhas assadas de modo tradicional! Gostei tanto da simpática vendedora que lhe pedi permissão para a fotografar; perguntou-me para onde ia, a fotografia,claro, e eu expliquei que costumava registar em fotografia os meus passeios no meu blogue... Acedeu, apesar de não saber o que é um blogue, e disse-me que se chamava Dona Maria.
E lá seguimos caminho em direcção a Ponte de Lima, desta feita pela estrada nacional... foi um pouco demais para mim com tantas curvas e contra-curvas ao som de música "pimba" acompanhada de um coro de vozes masculinas! Foi um espanto para mim...
Ponte de Lima é, por si só, uma vila histórica, a mais antiga de Portugal - recebeu Carta de Foral em 1125 de D. Teresa, mãe de Afonso Henriques, o nosso 1º rei; designou-a então por Terra de Ponte.
Desde então a Ponte tem tido um significado muito importante no Alto Minho, não só por esta permitir uma passagem segura do Rio Lima , mas também por fazer parte de um dos Caminhos de Santiago, ainda hoje percorrido por muitos peregrinos.
Sendo a agropecuária importante na economia deste concelho, achei muito bem concebidos estes dois conjuntos de estátuas representando as lides e costumes desta região. O milho, a batata e vários outros produtos hortículas fazem parte da agricultura tradicional, sem esquecer a vinha.
Aqui estamos em plena zona dos mundialmente famosos e únicos vinhos brancos Loureiro, que se devem beber bem frescos, e do vinho Tintão; a produção vinícula está a cargo de particulares e da Adega Cooperativa de Ponte de Lima. Pela sua importância económica, realiza-se anualmente aqui a Festa do Vinho Verde e dos Produtos Regionais em Julho. Há também a salientar a Feira Anual do Cavalo e o Festival Internacional de Jardins.
Não havia muito tempo para ir visitar a parte histórica desta vila tão antiga. Ficámos pela margem esquerda do Rio Lima; mas havia que guarantir lugar para o almoço - aqui só poderia ser Arroz de Cabidela com rojões e carnes fumadas famosos nesta região. E lá fomos depois dar uma volta nas imediações do restaurante.
A Torre da Cadeia Velha, em funcionamento até aos 1970s e pormenor da sua porta e sinalização da mesma.
Pormenor da porta principal... Não, não é e nunca poderia ser a original, mas dá bem uma ideia de como teria sido no tempo da fundação da vila.
Alguns troços das muralhas da vila são ainda dignos de serem vistos.
A Torre sineira da velha Igreja Matriz junto às muralhas.
Painel "Cabras São, Senhor" baseado numa lenda que podem ler no
Portal do Folclore Português -
Lenda da Cabração de Ponte de Lima, cuja fonte é Conde de Bertiandos,Cabras São, in Almanaque de Ponte de Lima,1923.
As marcas das diversas cheias do Rio Lima...
Havia um grupo de escuteiros fazendo uns petiscos para vender mas o que me chamou a atenção foi este rudimentar forno de cozer pão com a luz solar e este foguareiro artezanal onde estavam a fazer sopa.
Uma bananeira, com bananas ,macaco e tudo e a forma mais prática de publicitar os produtos - expô-los logo à entrada com o respectivo preço. Há que ser prático
Junto à Ponte não pude deixar de reparar neste "quiosque" para venda de jornais bem original: duas árvores aparentemente mortas, uma das quais estava cheia de rebentos de folhas novas. A Natureza tem mistérios que não conseguimos deslindar, por vezes!
O dia estava magnífico e almoçámos numa esplanada. Tudo decorreu com a maior calma e depois de se fazerem as contas, o que custa mais!!!, lá fomos procurar um bom lugar para tomar o indispensável "cafezinho"!
Ficámos em amena cavaqueira por algum tempo, observando, eu, os transeuntes e todo o movimento que entretanto ia aumentando, em direcção a Feira de Enchidos patente no início da Avenida dos Plátanos...
Mas do meu posto de observação pude registar uma variedade de momentos e figuras muito interessantes : a senhora a receber beijinhos do Lavrador preto, a charrete pronta para levar candidatos a dar uma volta pela Ponte até à outra margem e regressar...
Não podia faltar uma figura típica que acedeu ao meu pedido de o fotografar e até fez "pose" e no fim disse " ponham-me no Facebook, eu sou o Fernandinho fofinho".
Este pequeno pónei fazia as delícias de quem passava sob o olhar atento da sua dona, uma senhora holandesa, segundo me disse no seu português um pouco macarrónico!!!
Foi então que rumei ao leito do rio com o intuito de fotografar tudo que captasse a minha atenção! Seguem-se algumas dessas fotos:
Dirigi-me depois à Ponte para apanhar outras perspectivas...
Depois foi rumar a Braga para um pequeno lanche e depois o regresso. Aí deparámos com bastante animação no antigo Campo da Vinha, se não me engano: muitas tendinhas com diversidade de artigos, não podiam faltar várias de carnes fumadas e enchidos de porco e javali, música típica desta região , com castanholas e ferrinhos, acordeão, pandeireta e mais alguns instrumentos, um coro misto onde se destacava algumas vozes femininas bem agudas, próprias dos cantares minhotos. E até ilusionismo houve...confesso que o público não era muito e as crianças muito menos! Coisas de um fim de tarde bem frio! O meu testemunho...
Foi um dia diferente, muito agradável e que me fez relembrar outros tempos da minha juventude quando muitos passeios dominicais percorriam estes locais do Alto Minho.