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21 julho 2013

Moínhos , masseiras e sargaço...


    Uma das minhas mais antigas e vivas memórias é a dos pic-nics familiares ao Domingo no mês de Agosto, e a Apúlia era um dos locais escolhidos, onde havia praia pouca frequentada, pinhal muito perto para se estenderem as mantas, comer,dormir uma boa sesta e/ou jogar as cartas, geralmente o King, e muito para explorar para os mais novos... e uma das descobertas foi  a de diversos moinhos de vento, em diferentes estados de ruína, no cimo das dunas de areia, com uma faixa de pinhal que parecia protegê-los  e às pequenas áreas de terra cultivada.
   Desse tempo recordo  os pequenos recângulos cultivados em linha recta, em cujos lados mais elevados se plantava vinha para proteger as culturas do avanço das areias e do famoso vento Norte, mais conhecido por Nortada. 
Sargaço a secar ao sol
    Ao contrário do que se poderia supor, no fundo da cova encontra-se água doce, e tudo pode ser cultivado desde que haja bastante água e sargaço, o adubo produzido a partir das algas que vêm com as marés em grandes quantidades e que eram espalhadas no areal para secarem antes de serem armazenadas em pequenos montes para posterior utilização. Eram "os campos de masseira", de solo arenoso com origem numa antiga plataforma marítima, desde os litorais das freguesias da Póvoa, A Ver-o-Mar, Navais até à Aguçadoura e Estela.
 

   É uma forma de cultivo única no mundo, mas está em risco de extinção devido ao uso cada vez maior de estufas nesta região bem como a extracção de areia para a construção civil. Como forma de proteger este tipo de agricultura, a Câmara da Póvoa de Varzim concedeu cerca de 5000000 m2 do seu território para uso exclusivo de masseiras.
    
    E o que aconteceu aos velhos moínhos de vento? Só descobri muito recentemente em A-Ver-o-Mar que os moínhos tinham sido recuperados maioritariamente  para casa de férias ou para alugar durante os meses de verão.
 Aqui vão as fotos para ajudar a visualização das suas características.

Moínho de capelo de madeira com armação
completa para as suas velas de pano
  Este moínho de vento ainda conserva as suas características de moínho de vento de tipo mediterrânico - com forma cilíndrica, de pedra, de pequenas dimensões, sobre a qual assenta uma espécie de cúpula de madeira, chamada Capelo, bem como a estrutura que iria sustentar um número variável de velas de pano, que lembravam as velas dos barcos.
  


    A capacidade de rotação do seu tejadilho dependeem função da necessidade de acompanhar a direcção do vento era por sistema de tracção por meio de rabo, e o tipo de tejadilho com rodas o mais comum. 





   Fiquei encantada com o que vi na zona das praias da Apúlia muito recentemente. Afinal a mão do Homem também serve para preservar e enquadrar no seu meio ambiente o que já lhe pertencia desde tempos imemoriais - a sua faixa costeira, as dunas com a sua flora autóctone e os seus moínhos de vento, que serviam os poucos agricultores das masseiras, de cultivo difícil por falta de maquinaria. Era tudo manual!!!

Aqui vos deixo alguns exemplos desses belos enquadramentos!






 








 

                                           
 

 
 
 
 
 

 










14 julho 2013

Saber ver as coisas!

   Se olharmos com um pouquinho de atenção há sempre algo interessante para observar e fotografar. Esta cadela Retriever laboriosamente caminhou até à beira-mar e escolheu um bom pau para brincar. Retomou o caminho de regresso, sempre a passo, até junto do murinho onde os donos estavam entretidos em amena cavaqueira e sem prestarem a mínima atenção à esforçada cadelinha que nem conseguia correr, não pelo peso do pau que alegremente trazia na boca mas pelo seu próprio excesso de peso!Ficou alguns minutos a olhar para cima e a abanar a cauda, mas sem qualquer resultado! Sem largar o pau, deu meia-volta e voltou para a beira-mar onde se deitou a roer o seu tesouro!!!
 
Uff... ainda falta mais um pouco!
Então?! Olhem o que eu encontrei
para brincar...
 
Tanto trabalho para nada... nem olharam!


 
Só um exemplo da arte do improviso tão típicamente nossa. Com uns paus e uma ou duas embalagens de plásticos fica o aviso de que o passadiço tem duas tábuas danificadas... Mas devo dizer que quando passei pelo mesmo local, algumas semanas depois,já estava tudo em ordem. Venham os veraneantes!




Como defensora da natureza, entre outras coisas,consegui ver que os passadiços têm cumprido o seu objectivo de protegerem a flora autóctone das dunas costeiras das  nossas praias a norte de Matosinhos. E que as espécies indesejadas vão sendo cada vez mais irradicadas.
Tirei esta foto hoje e, embora estivesse bastante envoado e muito fresco, pode-se ver que os cardos azulados emprestam um colorido único às dunas... embora ainda me lembre da dor das picadelas nas pontas dos cardos, quando não caminhávamos pelos estrados na Praia de  Matosinhos quando era mais nova...

05 julho 2013

Ter jeitinho não chega...

   Se olharmos com um pouquinho de atenção há sempre algo interesante para observar e fotografar. Esta cadela Retriver laboriosamente caminhou até à beira-mar e escolheu um bom pau para brincar. Retomou o caminho de regresso, sempre a passo, até junto do murinho onde os donos estavam entretidos em amena cavaqueira e sem prestarem a mínima atenção à esforçada cadelinha que nem conseguia correr, não pelo peso do pau que alegremente trazia na boca mas pelo seu próprio excesso de peso!Ficou alguns minutos a olhar para cima e a abanar a cauda, mas sem qualquer resultado! Sem largar o pau, deu meia-volta e voltou para a beira-mar onde se deitou a roer o seu tesouro!!!
 
Uff ainda falta mais um pouco!
Então?! Olhem o que eu encontrei para brincar...


Tanto trabalho para nada... nem olharam!


Só um exemplo da arte do improviso tão típicamente nossa. Com uns paus e um ou dois sacos plásticos fica o aviso de que o passadiço tem duas tábuas danificadas... Mas devo dizer que quando passei pelo mesmo local, algumas semanas depois,já estava tudo em ordem. Venham os veraneantes!



Como defensora da natureza, entre outras coisas,consegui ver que os passadiços têm cumprido o seu objectivo de protegerem a flora autóctone das dunas coateiras das  nossas praias a norte de Matosinhos. E que as espécies indesejadas vão sendo cada vez mais irradicadas.
Tirei esta foto hoje e embora estivesse bastante envoada e muito fresco pode-se ver que os cardos azulados emprestam um colorido único às dunas... embora ainda me lembre da dor das picadelas nas pontas dos cardos, quando não caminhávamos pelos estrados na Praia de Matosinhos quando era nova.

02 julho 2013

Não posso acreditar!

   Recentemente fui fazer a minha caminhada de Domingo para a zona de Vila Chã e aproveitei para rever o Castro de S.Paio, onde se encontram vestígios da presença humana tal como acontece na costa norte e na vizinha Galiza, Espanha. Nos meus tempos de juventude as vias de acesso a pequenas aldeias piscatórias não eram como hoje; eram caminhos apertados e muitos deles nem arruamentos se podiam considerar. Lembro-me de ir a pé pelo areal de Angeiras até perto de Vila Chã, Vila do Conde, sabia da existência do Castro de S.Paio - rochas escurecidas e íngremes com reentrâncias onde o mar batia e uma praia minúscula - a Praia de S. Paio. Lembro-me da capelinha em ruínas no alto de uma elevação.É claro que não é pré-histórica!!!
 
As formações vulcânicas estratificadas são bem visíveis,
 testemunho da formação desta costa
Começo da subida para o ponto mais alto.
Cá está a Praia de S.Paio

 Ruínas de uma habitação em forma circular.   
Ao fundo a capelinha restaurada.                                                         Vista do cimo do Castro para Sul
                            
                     
Mas o momento que me deu a melhor fotografia desta caminhada estava à minha espera no meu regresso; aqui vai a prova de há um pirata, não das Caraíbas, mas de Vila Chã. Não tem perna de pau mas de metal!Não tem olho de vidro, ou melhor dizendo, só tem a caveira. E nem tem cara de mau, porque lhe puseram uma garrafa presa nos dentes parecendo estar a fazer um sorriso amarelo!!! Não posso acreditar! As coisas já não são como eram dantes...