Os quadros apresentados neste blogue são para venda, com excepção dos que estão marcados como colecção particular.
Pode contactar a autora por e-mail.

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25 julho 2014

Amazonian Queen...

   Das minhas mais doces mas emocionantes recordações da última vez  que vivi em Belém do Pará, de 5-9-1964 a 16-2-1967, a possibilidade de poder ter nos meus braços uma onça-negra talvez com 2 meses de idade, foi indescritível!!! A pobrezinha estava muitíssimo assustada e soltava silvos contantemente a chamar pela progenitora... O indivíduo que a tinha nos braços, um "caboclo" que vivia no mato,  andava pelo Edifício Importadora, onde vivíamos nessa altura; tinha encontrado a cria abandonada junto da mãe morta. O que ele pretendia era vendê-la e fazer algum dinheiro.
   Naquela altura tudo era possível para mim, com apenas 16 anos, e resolvi apelar para o meu Pai para ficar com a bichinha...foi amor à primeira vista! Mas foi tudo em vão, porque os argumentos do meu Pai de que um animal selvagem não deve estar preso e muito menos num apartamento, do dispêndio de dinheiro para sustentar este "bébé" que em pouco tempo se tornaria adulto e que o instinto selvagem nunca morre, o que poderia tornar-se um grande problema para todos. Fiquei arrasada mas essa foi a minha primeira lição de que é preciso respeitar os animais selvagens no seu "habitat".
   Na verdade não gosto de gatos de qualquer raça, mas desta minha experiência nasceu a minha atracção por felinos de grande porte, em particular a Onça-Negra da Amazónia, o Tigre de Benguela e a Chita africana! E resolvi pintar uma. Li muito sobre este belo animal ao mesmo tempo que procurava aquela  expressão para a minha pintura porque, como é evidente, não tinha nenhuma fotografia tirada por mim!
   Sendo o único membro actual do género Panthera na América Central e do Sul, incluindo toda a Bacia Amazónica, zona de floresta tropical densa, e o Pantanal, zona de áreas abertas e de inundações periódicas, porque a onça-pintada necessita de cursos de água permanentes, onde habita preferencialmente, de pântanos e florestas com altos níveis de pluviosidade. Cerca de 50% das populações da onça-pintada em estado selvagem encontra-se na Amazónia.
Onça-parda
Onça-pintada
A onça-pintada apresenta três tipos de coloração do seu pêlo: a onça- pintada, a onça-parda e a onça-negra. Co-habitam e caçam nos mesmos territórios embora a onça-parda seja de menor porte.
 
 





Onça-negra
   A onça-negra não é uma sub-espécie da onça-pintada, mas é uma onça-pintada. A falta de melanina dá-lhe a aparência de pêlo negro, mas se houver luz as manchas características podem ser vistas.

  Este fenómeno é comum também no leopardo asiático, conhecido por pantera-negra, e em outros felinos; a coloração amarela é substituída por um pêlo negro ou quase negro. Assim sendo, no meio de uma ninhada, geralmente até quatro filhotes, de uma pantera-pintada podem nascer um ou mais de pêlo escuro e vice-versa. Indivíduos albinos são muito raros mas já ocorreu na onça-pintada, tal como em outros grandes felinos.
   Fazendo lembrar o leopardo, a onça-pintada é maior e mais robusta; as rosetas no seu pêlo são maiores, menos numerosas e formadas por linhas mais grossas, possuindo pintas no meio, o que não acontece nas rosetas do leopardo. A sua cabeça  é maior e arredondada e os seus membros mais atarracados. Tal como os outros felinos, as onças são animais solitários, que preferem caçar ao entardecer ou à noite. A sua dieta é muito variada, incluindo até tartarugas e jacarés, que as suas fortes mandíbulas abocanham com facilidade...
    Este é o meu tributo à oncinha-negra da minha juventude!!! Chamei-lhe Amazonian Queen.
Amazonian Queen, pastel seco, 2014



 



 
 

 

 

 
 
 

17 julho 2014

Góis Oroso Arte 2014

    Ter participado com um trabalho nesta exposição anual, este ano também ligada às artes circenses, foi uma experiência indescritível e inolvidável para mim! Embora só tivesse podido ir no dia 12 de Julho, sábado passado, valeu a pena ! E lá saímos cedinho, os três colegas do Atelier Geraldes da Silva, o Álvaro, a Ana Maria e eu. Um percurso limpo até termos de apanhar a saída da A3 que nos levaria a Góis. Aí começou a nossa aventura por um Portugal desconhecido e muito mal sinalizado.  Por 100 metros de estrada cortada ao trânsito há perto de um ano! Lá fomos pedindo informações a vários "locals", digo, pessoas que íamos encontrando, mas parecia que íamos sempre ter ao mesmo sítio. Voltámos várias vezes à N6, saímos outras tantas, pois não havia qualquer indicação com o nome de Góis. Andamos pela Barragem da Aguieira, que é uma beleza e finalmente obtivemos a informação correcta, com nomes e tudo, num Hotel perto da Barragem. Quando vimos pela primeira vez a placa indicando Góis, espontaneamente batemos as palmas dentro do carro com um "até que enfim, Góis" num misto de alegria e alívio!!!
    O que nos esperava era uma surpresa muito agradável... um belíssimo parque junto ao Rio Ceira, onde se fazia arte ao vivo.
A minha primeira impressão do Rio Ceira! Depois foi o encontro com a Professora Geraldes estava a trabalhar a acrílico.
Depois serviu-nos de cicerone pela marginal; podemos ver várias praias fluvias de areal branco, com bastantes banhistas, pois estava um dia quente...
 
    Para mais tarde recordar!!! Pintura ao vivo e a Professora Geraldes...
 
 
 Neste grupo só falta a fotógrafa que depois foi apanhada de costas em conversa com a Professora.
 
 
      Uma caminhadinha à beira-rio para conhecer algumas das praias fluviais com areia branca natural. Até apetecia dar um mergulho!
 

   Também tive direito a uma fotografia com a Professora Geraldes, cortesia da Ana Maria.
No regresso  lá fomos almoçar na Residência dos Estudantes pelas 13 horas, que nos foi oferecido como artistas presentes na exposição! Que orgulho estar rodeada por artistas de várias artes!!!

    Impunha-se um cafezinho depois do almoço e lá fomos a pé até à Quinta da Avó Tomázia, passando agora pela parte antiga da vila...e descida junto ao muro de xisto até à beira-rio.

 

 
   Na esplanada junto ao rio, eu diria praticamente em cima das águas do rio, lá tomámos o merecido café e ficámos um pouco em amena cavaqueira. Mas como sempre não resisti e peguei na minha máquina e fui tirando fotos ao que me chamou a atenção, aliás como sempre faço! Nem as bogas(peixes de água doce, que eu conhecia das pescarias no Rio Paiva ainda no tempo do meu avó Gomes) escaparam!!!
 
 
 Virei a minha máquina para a magnífica e belíssima Ponte Real sobre o Rio Ceira. Possui três belíssimos arcos com contrafortes de estilo Manuelino, construída entre os reinados de D. Manuel e D. João III no Século XVI.
 
  
  
   A última e mais importante etapa era ir ver as nossas obras expostas, como devem calcular... Lá viemos a pé e dirigimo-nos primeiro para a parte mais alta da vila onde fica situada a Junta de Freguesia. Pelo caminho fui registando ... uma nora ainda perto do Rio Ceira, o  Largo do Pombal, o início da subida de uma rua completamente deserta e limpa, uns olhinhos que me observavam atentamente...
 

 
    Tivemos que esperar que nos viessem abrir a porta e enquanto esperávamos fui-me entretendo a fotografar... até que a bateria da máquina morreu!!! Fiquei muito aborrecida, mas o que me restava era pedir à Ana Maria que fosse tirando fotografias, que eu depois pudesse ter. Ficou combinado...


   Lá fomos ver o quadro do Álvaro e de outra colega das Quartas-feiras e seguimos para a Casa do Artista onde estavam expostos os artistas mais consagrados, incluindo a Professora.

 
    Faltava o Centro Cultural de Góis, onde estava exposto o meu quadro e lá fomos nós e pelo caminho fomos aproveitando para observar os traços antigos das ruas estreitas, a preservação das casas e as flores por todo o lado. Aqui estou a pensar que o meu Tuareg não teve muita sorte com o companheiro... Culture shock !!!

 

 À saída da Casa da Cultura encontrámos vários artistas das artes circenses e malabaristas a ensaiar para as suas actuações no Domingo.

 
   Passagens aéreas entre casas eram comuns antigamente, segundo li algures, na região centro onde neva e é montanhosa, havia lobos em grande número, que desciam  das montanhas para caçar por estas pequenas vilas e aldeias. Deste modo, os habitantes poderiam locomover-se pela aldeia ou aldeamentos sem o risco de serem surpreendidos e até de serem atacados por estes animais, que tinham a fama de serem comedores de homens. Hoje sabe-se que o lobo tem medo do homem e só atacará se em grupo e se se sentir ameaçado. Só a fome o fará descer até ao local que ele sabe poder encontrar que comer, perto do Homem. Depois de caçado quase até à extinção, o lobo tem sido reentroduzido e as populações ensinadas e ajudadas com oferta de cães pastores para a protecção do seu gado.
 
   Estas foram as últimas fotos que se tiraram e debaixo de um caramanchão!!! Foi preciso ir a Góis para ver um e na rua! Estava um senhor idoso na sua paz e sossego  lá sentado mas levantou-se de imadiate quando me ouviu dizer que não me ia embora sem me sentar debaixo daquele caramanchão. A Ana Maria tirou a primeira foto e o Álvaro a segunda,que ficou verdadeiramente verdadeira, desculpem a redundância...  eu só disse  " Vá lá, tira uma fotografia às miguinhas!!! 
 



   Com algumas peripécies no regresso - tudo por causa dos mesmos 100 metros de estrada cortada - lá viemos ter a Coimbra e andámos às voltas nos viadutos e rotundas (que nenhum de nós conhecia)e só à quarta vez é conseguimos seguir pela estrada certa para apanhar a A1.  
  Estou muito feliz por ter participado na minha primeira Exposição Colectiva - Góis Oroso Arte 2014 - e de ter tido a oportunidade de ver e comparar trabalhos de outros pintores.
  
Este era o Programa proposto para este ano:
 







14 julho 2014

E o fascínio continua!


   Agora que o tempo se tem mostrado mais propício a umas horitas ao sol, geralmente das 8:30 às 11:30 de manhã, tenho tido a oportunidade de andar um pouco pela beira-mar e de ter a praia só para mim... bem, isto é um exagero, pois nunca estou sozinha! As gaivotas pousadas em bandos na areia são sempre uma boa companhia, bem como alguns pilritos e gaivinas pelo meio do sargaço, que este ano tem sido muito abundante... ou será que a praia está com menos areal?! Com o temporal deste ano, não deve haver praia nenhuma que não tenha sido afectada.
   Como poderia resistir a todos estes elementos? Impossível! Estas fotos que tirei numa dessas manhãs são o meu testemunho de que serei sempre fascinada pelo mar...
 
 
 
 
 
 
 
   As gaivotas e o mar são inseparáveis no meu imaginário!!! As primeiras porque transmitem a ideia de luta pela sobrevivência, de poder porque são predadoras e de resistência porque são sobreviventes por natureza. Gosto de as ver pousadas em bando na areia comunicando à sua maneira e do seu voo planado! O segundo, por ser uma das forças da natureza há que repeitá-lo e apreciar a sua constante mutação de cores e formas quando a maré está a subir...
   Nunca me canso de olhar para o mar no seu vai e vem constante...nem que seja na minha praia de adopção, a Praia do Marreco.











10 julho 2014

O Parque da Cidade (do Porto)


   Nunca me aborreço quando vou ao Parque da Cidade do Porto! Para além de me proporcionar uma belíssima caminhada que perfaz cerca de 10 kms de ligeiras subidas e descidas, toda a mística do Parque faz-me entrar num mundo onde o contacto com a natureza é real...
   Apesar de ser o mais extenso parque urbano do nosso país, a sua concepção incluiu muitas das técnicas rurais tradicionais, o que nos dá a sensação de termos parado no tempo! Aqui o papel da pedra foi fundamental para a construção de muros para suporte das terras, estadias, charcos drenantes que retêm as águas pluviais, descarregadores dos lagos, tanques, abrigos e bordaduras de caminhos e pavimentos.
   Toda a pedra necessária foi sendo "despejada" pelos empreiteiros, proveniente da demolição de obras, no local já projectado a pedido da Câmara do Porto; este processo durou ainda alguns anos, bem como o da recepção de terra proveniente de terraplanagens e outras obras tão necessária para a concepção deste magnífico espaço público. A primeira fase deste grandioso projecto do arquitecto paisagista Sidónio Pardal foi inaugurada  em 1993 e só finalizada com a construção da Frente Marítima e do Núcleo Rural de Aldoar, retratando o Porto rural e suas construções  na recuperação das  suas quatro quintas, em 2002.
 
   Na fronteira  entre Matosinhos e o Porto em frente ao mar, na Praça Cidade S. Salvador, está situado este belo monumento aos pescadores matosinhenses, obra de autoria da escultora norte-americana Janet Echelman, enquadrado no Projecto Polis. Inicialmente designada por "She changes" ou "She moves", a escultura manteve sempre presente a ideia de movimento contínuo e sempre diferente da rede ao sabor do vento. A escultura é sempre diferente a cada minuto que passa. E foi precisamente da comunidade piscatória que nasceu a actual designação da escultura: Anémona. A requalificação urbana e de valorização ambiental da marginal teve na inauguração da Anémona em Dezembro de 2004 a sua concretização.
   Depois entrar no Parque da Cidade! Não irei dizer muita coisa, porque num espaço como este as imagens  valem mais que mil palavras...

       Uma Pega Rabuda Branca e Preta, o mar lá ao fundo e um paraíso para os Melros...
 
 
 
 Seguem-se as vedetas, o casal de cisnes brancos, já residentes, sempre majestosos com o seu séquito, acompanharam-me ao longo da margem do lago até ao seu sítio favorito para sair da água, onde eu os esperava.

 O macho, sempre mais intrépido foi o primeiro a sair da água e a vir observar-me de perto. Certamente à espera de comida.
A fêmea, mais recatada, preferiu manter-se na água ao abrigo da vegetação.

Os gansos são engraçados quando fora de água. Este macho veio te3r comigo e até fez "pose" para a fotografia.
Apenas uma curiosidade: estes animais são muito protectores das suas crias e as dos patos, podendo tornar-se agrassivos para as defender!
Este macho não teve dúvidas em descansar à sombra, enquanto o Ganso do Egipto quedou-se a observar a água!

    Não há vez nenhuma em que não tire esta fotografia , que considero um clássico... o que muda é certamente a gaivota!!!!

    No lago superior o bulício é bem maior pois há sempre migalhas de pão para os esfomeados, apesar dos avisos para não dar de comer aos animais... Desta vez havia uma predominância de gansos, muito poucas gaivotas ( a meu ver significa abundância de peixe) e alguns patos reais e fémeas.
 Senão vejam!!!
 
Enquanto este bando de gansos observa ansiosamente o que lhes pode chegar ao bico, este Galeirão-comum ( vi apenas dois) passeia-se calmamente longe da agitação!



  
   Em alguns recantos mais rurais, não resisti a fotografar alguns troncos e líquenes que se encontram apenas na parte do tronco dos plátanos virados para o mar...
 
 Testemunho da hora do banho do pato real e o planar da gaivota em direcção à água, são testemunho do bucolismo existente neste local.



   As gaivotas mais comuns desta costa são a Gaivota Argêntea ( na imagem a que está frente à água do lago) e a Gaivota de asa escura, as outras.
  Para terminar, não posso deixar de assinalar que o número de aves migratórias do Parque é mais reduzido este ano, tal como já havia notado na minha mensagem sobre a Ponte da Arrábida e o Estuário do Douro. Talvez uma Primavera com demasiado Inverno à mistura!!!

  
Este meu trabalho a pastel seco foi inspirado no casal de cisnes brancos...Pura majestade!

Majestic swauns- colecção particular
(trabalho a pastel seco)