Cabril sempre significou muita coisa para mim: a Páscoa com as visitas dos parentes da Serra na Sexta-feira Santa, muito pão-de-ló, já bastante seco, a ida a pé por montes e campos, adultos e crianças, para ir buscar o Pão Doce a casa da Prima Maria, a merenda que nos esperava - ovos mexidos, broa de milho, vinho, e um bom presunto e salpicão caseiros! Mas Cabril também significava a liberdade:liberdade de irmos pelos campos fora, eu, os meus irmãos mais novos - Paulo e Pedro- e as minhas duas primas- Cristina, da mesma idade que eu, e Teresa; éramos heróis como os famosos Cinco e tudo era uma aventura! Ir ter com o rebanho da aldeia ao monte em Setembro com um lanche à maneira para os miúdos que rotativamente eram os pastores de serviço - pão, sardinha em conserva e uma garrafa de vinho -,sempre com medo que os lobos aparecessem!
As vindimas eram um acontecimento!Recordo o calor abrasador, o prazer estampado no rosto do meu Avô Joaquim,avô paterno, por ver a família toda reunida na vinha - nós as crianças vindimávamos mais para a barriga do que para o cesto - as idas e vindas no carro das vacas, o vinho novo,e em especial o tempo que passava com o Vôvô Joaquim nas suas idas aos campos, às cortes ver os animais acabados de nascer, a vê-lo mugir uma das suas vacas e beber o leite ainda quente, com ele!As minhas idas ao alambique ver fazer a aguardente e a prová-la e a ouvir as suas histórias e explicações... algumas vezes com os resultados óbvios!!!Embora não fosse muito falador, O meu Avô era um óptimo contador de histórias!
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